9 de julho de 2003

Cara, eu sou uma primona muito legal!!



Ontem eu e minha priminha de 3 anos brincamos a valer a tarde inteira. Pude chegar à conclusão de que o conceito de diversão de uma criança de até uns 6 anos de idade não é lá muito complexo. Para uma tarde inteira de muita diversão acumulada, precisei apenas de algumas amostras dos seguintes tópicos:



1. Brincar de "pensa que..." ( o velho "faz de conta": casinha, fazendinha, lutinha, vc sabe) - É inevitável, eles sempre começam por aí, deve fazer parte da estratégia de aproximação institiva que eles tem. Costuma ser um saco, mas é fácil. É só fazer o que eles mandam, falar o que mandam e concordar positivamente a toda hora, sem muitos questionamentos. "Pensa que aqui era um palco... vc sabe o que é um palco? E que você tava me assistindo, aí pensa que eu cantava, mas não pode rir, senão sai da brincadeira" "Agora pensa que vc era minha filha aí vc me dizia 'Mae, tô indo pra escola!" e eu dizia "Tá bom, filha, toma o seu lanche, que a mamãe vai trabalhar.' Vai, fala agora!?"



- Mãe, to indo pra escola!

- Tá bom, filha, toma o seu lanche, que a mamãe vai trabalhar.



Simples assim! Mas quando se está disposta e serelepe, tem outra que é muito melhor:



2. Brincar de dançar - A gente começa com uma música de criança pra introduzir o clima. Depois, quando elas já estiverem chacoalhando a cabeça e fingindo que sabem cantar todas as músicas, dá pra colocar qualquer coisa que te agrade, inclusive aquela que você gosta de dançar com os braços abertos, rodopiando pela sala. A melhor parte é que eles não sabem dançar, então passam a te imitar. "Biba, o chão tá rodando?!" Neste momento você se sente uma grande coreógrafa, a melhor dançarina de todos os tempos e uma grande comandante das massas. Bom pro ego, bom pro tônus muscular. Adeus, células lipobibônicas. Adeus!



O perigo é que - dizem os pais, mães ou responsáveis - depois eles saem dançando os nossos passos desconexos pelas festinhas dos amigos. Coitados... Eu me conformo na certeza de que as outras crianças também não tem um senso crítico muito aguçado. Não ainda.



E depois dos tantos "de novo!" que você e suas pernas puderem suportar, nada como uma pausa em frente ao computador. Brincadeira número 3, modelo fotográfico mirim!



3. Brincar de book - Eu não poderia ter comprado nada mais útil na minha vida de "tia" que uma webcam. Não há no mundo criaturas mais narcisistas do que esses seres pequeninos. Dá pra sentá-los no computador e ter paz durante horas. E se você, tolinho, duvida que ficar se vendo no video do computador possa ser tão interessante assim, tente se lembrar da sua mais tenra infância. Lembre-se do quanto você se amava, e do quanto você se achava lindo, e como sua mãe repetia que era mesmo, e do quanto você não enjoava de ver-se a si mesmo no espelho e nos vídeos da família, em todas as posições, caras, caretas, e charmes possíveis. O dia inteiro. I JUST CANT GET ENOUGH! I JUST CANT GET ENOUGH!



E no fim do dia (reze uma prece, ave maria), quando chegou a hora do banhinho, nós já tínhamos uma relação fantástica de amizade e admiração mútua estabelecida, algo assim como melhores amigas. Camaradas mesmo. Tão íntimas e caras que eu mal me aguentei ao ouvir o que tive de ouvir "VÓ, EU QUERO TOMAR BANHO COM A BIBA!"



Pausa.



Veja bem, não que eu desse banho nela, mas que a gente tomasse banho juntas, isso é grave! Pra que lado correria eu?



Retomando...



Mas que linda prova de amizade, eu pensei! Somos amiguinhas, não primona e priminha! A velha dúvida do "Biba, você é criança?!" deve ter se resolvido na cabecinha dela. Sim, eu sou criança! Finalmente evoluí, pensei. Sim, porque no estágio anterior, quando eu era apenas uma "tia postiça legal", o máximo que eu obtinha como prova de amor era um "VOCÊ NÃO, MÃE, EU QUERO QUE A BIBA QUE ME LIMPE!" e, se tivesse sorte, talvez uns chicletes.



Então, que fique aqui registrada minha evolução. Tia Biba é agora Camarada Biba. Eu sou muito foda, cara!



Obrigada,

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