14 de junho de 2009

Brasil 2014

Diz que tem uma resolução que exige que, a partir do ano que vem, os lugares dos estádios do campeonato brasileiro sejam marcados. Jemt, eu fico tão espantado como que algum engravatado tem coragem de editar uma medida dessa.

Hoje eu fui ao estádio. 40.000 pagantes. Cheguei cedo, uma hora e meia antes, e fiquei esperando os companheiros chegarem em frente à entrada principal. Tinha ingresso de dois até cinquenta reais. Isso atrai um público bastante diverso. Entramos ainda faltava uma hora pro começo do jogo. Dois setores já estavam esgotados e ambos estavam vazios. Assim ficaram até uns 15 minutos antes da bola rolar. Então nego vai chegando e as cadeiras dos cantos vão ficando vazias, enquanto as entradas e as escadas vão ficando lotadas de gente em pé.

E estádio vocês sabem como é. Não há muita classe, né. A gente xinga tudo. Todos. Imagina a cena: você e mais três amigos compram ingressos com lugares marcados e deixam pra entrar faltando 10 minutos pro começo da partida. Então encontram seus lugares ocupados por outras pessoas. E aí não interessa se é grande ou pequeno, homem ou mulher, amarelo ou verde, é torcedor, que por natureza é um ser primevo*.

- Com licença, minha senhora, mas esse lugar é meu. Vocês poderi...
- Vai tomá no seu cu, filhodaputa!

Aí vem as sugestões. Funcionários em cada fileira orientariam os torcedores a ocuparem os lugares que constassem de seus ingressos. Deveriam ser muito bem treinados. Pela SWAT, eu sugiro. Imagina hoje quando pelo menos 20.000 entraram quase na hora do jogo. Impossível.

Imaginem, agora, a venda dos ingressos. Recentemente, compramos ingressos pro Cirque de Soleil. Lugares marcados, of course. E dezena de setores. Então você chega à bilheteria, a mocinha muito solicita te mostra o mapa de lugares e pacientemente consulta aqueles que você vai pedindo. Até que, depois de uns 20 minutos, você escolhe seu lugar para o espetáculo que será daí a seis meses.

Quem já viu uma venda antecipada de ingresso pra um clássico, já está imaginando o que vou dizer. Eu já presencieei, certa vez, os torcedores terem que sair da bilheteria por cima do povo. Sim, por cima, tipo depois de um "stage diving" num show de rock. Com certeza, ele não estava vendo o mapa de lugares pra escolher onde se sentar.

E isso eu estou falando do Mineirão, um estádio razoavelmente bem organizado. Nem vou falar dos campos de várzea que existem por aí sendo usado na primeira divisão.

Não dá pra virar Europa de um dia pro outro. João me contou hoje uma história fantástica sobre isso. No estádio do Chelsea, em Londres, os lugares são marcados e os torcedores compram ingresso para a temporada inteira. Ou seja, naquele ano, aquela cadeira ali é minha. E um torcedor percebia que as cadeiras do seu lado ficaram vazias durante os quatro primeiros meses do campeonato. Quando foi em janeiro, um pai e um filho ocuparam aqueles lugares. O cara foi lá assuntar.

- Minha mulher nos deu de presente de natal os ingressos para a temporada!

Mais difícil que isso é só o metrô chegar na Pampulha.

Boa semana pra vocês.

2 comentários:

B. disse...

Eles tão prometendo um metrô até a Pampulha para levar o povo aos estádios? Ai, gente.

E aqui que teremos trenzinho cruzando a capital para trazer o povo dos aeroportos?

Todo um mundo fantástico nos sonhos, né? Esperemos a realidade, sempre dura, se concretizar.

Z disse...

O mal maior é não conseguirem fazer o metrô e utilizarem ônibus como "metrô de superfície", igual fizeram esse acochambramento no RJ