30 de dezembro de 2002

Me recuso a falar sobre o reveillon (também me recuso a colocar o pronome no lugar certo). Prefiro falar sobre cinema. Quando eu tinha la por volta dos meus 13 ou 14 anos, fui assistir "Batman - o retorno" com a turma da escola. Na volta, um colega disse algo que causou um tumulto no ônibus tamanha foi a repercussão em forma de risadas e gritos adolescentes (UGH!!). Com o semblante de decepção, ele deu um suspiro e disse algo mais ou menos assim: "Não gostei do filme. É muito irreal..."



Foi gozação certa durante anos. O que esperar de um filme do Batman? Como alguém pode se decepcionar com o caráter fantasioso daquele filme? Seria como entrar num filme do 007 e não gostar porque tudo é muito sacado. Perdoa-se o comentário por ter sido feito por um adolescente imaturo. Mas se tivesse sido feito por um crítico de cinema da Folha? (Alguns podem logo dizer que críticos não merecem viver e que não dão a mínima para o que eles falam, mas sabemos que não é bem por aí. Se fosse, eles simplesmente não existiriam.)



Pois sobre "O Senhor dos Anéis - As duas torres" falaram algo parecido.







No primeiro momento logo lembrei daquele comentário sobre o Batman. Como uma adaptação de "Senhor dos Anéis" pode não fugir da realidade? É verdade que os fanáticos pela história ficam criando paralelos entre a Terra-média e o mundo e sonham em um dia acordar e ver que se transformaram num hobbit, mas daí achar que o filme foge à realidade já é demais.



Por isso, resolvi ler a crítica. Não melhorou muito. Segundo o crítico, o filme foge à realidade criada por Tolkien. Aí vamos entrar na velha discussão. Literatura não é cinema e vice-versa. Se você não imaginou o Condado assim ou se você quer que aquela parte do livro não seja omitida ou se você não gostou da barba do anão ou se você imaginou Valfendas mais exuberante, junte 800 milhões de dólares e vá filmar a sua própria adaptação. Ou então entenda que o que está em cartaz é a visão de um dos milhões de aficcionados pelo livro, goste você ou não.

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